Galiza

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Morada
R. Campo Alegre, 177
Local
Porto
Coordenadas
41.152687,-8.628125 (Ver mapa)

Galiza@2011-09-12

Foi à hora de almoço que desta feita a Irmandade escreveu mais um capítulo desta saga apetitosa e de grande responsabilidade. A casa eleita foi a Cervejaria Galiza, um clássico da zona do Campo Alegre, uma das zonas da cidade do Porto com mais restaurantes especialistas em Francesinha por metro quadrado. Aqui a concorrência é apertada e convém não inventar muito. Inovar só pela certa.
Ao chegar, pelas 13:00h, encontramos uma casa semi preenchida. Visto de fora parecia cheia, pois quase todas as mesas com vista para a rua estavam ocupadas, mas já lá dentro encontramos várias mesas vazias nas áreas mais recolhidas do restaurante. Uma olhada pela ementa permitiu-nos verificar alguma variedade no que a Francesinhas diz respeito. Tínhamos a estrela da companhia com bife, a tradicional com carne assada, e a versão “vamos lá fingir que sou saudável” com bife de frango. Se a única coisa que muda nessa versão é o bife de frango, então mais vale cometer o pecado completo e ir para casa com um sorriso nos lábios. É como comer um hamburguer e dizer que se comeu salada porque algures entre a carne e o pão havia uma folha de alface afogada em decilitros de molhos. Mas pronto, talvez exista algo de especial na utilização do bife de frango que me esteja a escapar. A Irmandade é que não vai nisso, e sairam 4 com bife como mandam as regras.
Chegaram à mesa as 4, bem sincronizadas e bem regadas em molho. A primeira impressão é um cheiro vincado a marisco vindo do molho. Fazendo parte do grupo dos maluquinhos do pão, o teste ao corte da faca é para mim a primeira prova. Assim, o pão não estava no ponto ideal (de acordo com os meus standards), mas estava também longe do pão empapado e mole que é para mim um dos piores pesadelos numa Francesinha. Razoável, portanto. O recheio foi para mim a estrela do prato. Um bom bife como espinha dorsal e uma mistura de carnes, salsicha fresca e linguiça fresca, para homens de barba rija (sem desprimor para as mulheres amantes de Francesinha). Era de facto um recheio farto e de sabor intenso, fruto do uso de carnes bem condimentadas, que acredito não agrade da mesma forma a todos, mas que a mim me encheu as medidas. Como contraponto, o molho. O picante, puxadinho como eu gosto, não foi capaz de esconder um molho que deixa muito a desejar. Pouco apurado, com algum sabor a marisco mas pouco vislumbre de sabor a carne ou tomate, devia claramente a sua consistência espessa ao uso de farinha, artimanha culinária utilizada para engrossar os molhos. O molho sabia a farinha, o que é um erro crasso decorrente da utilização desta técnica. A consistência de um bom molho de Francesinha consegue-se com algumas horas de fervura a fundir os sabores dos ingredientes e a evaporar a água. A farinha pode usar-se, mas com parcimónia e apenas para acertar a consistência. Ninguém disse que fazer um molho de Francesinha era fácil e rápido. Nota negativa para o molho. O serviço foi regular, pouco efusivo e eficiente, e as batatas congeladas não merecem qualquer tipo de destaque em especial. Serviam para molhar no molho. O príncipe sim, tirado num copo tipo tulipa, estava muito bem tirado e bem geladinho.
Concluíndo, nesta casa, que se pode já considerar histórica, come-se uma Francesinha que não deslumbra nem se destaca entre pares. Deixa as despesas do sabor a um bom recheio e negligencia a importância de um molho bem apurado. Palmas para a cerveja bem gelada. A Cervejaria Galiza continua a ser uma casa que faz parte por direito do roteiro da Francesinha, da qual haverá certamente fiéis defensores. Mas com tanta concorrência em volta convém ter atenção ao detalhe. Uma revisão ao molho poderá colocar esta Francesinha num lugar de maior destaque, pois o resto não defrauda os pergaminhos deste prato tão especial.

Veredicto: 
Boa

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Data Temporada Veredicto
12/09/2011 Temporada 1 Boa