Café Torres

Imagem da Francesinha
Morada
Rua Rodrigues Freitas, 1509
Local
Ermesinde
Coordenadas
41.217484,-8.553178 (Ver mapa)

Café Torres@2011-11-11

Ora… isto não correu lá muito bem. Nada fazia prever um desfecho assim, até porque o Café Torres vinha muito bem referenciado em algumas publicações da especialidade, tendo inclusive figurado no top 10 da revista Timeout, aquando a sua famosa edição sobre francesinhas.
É claro que, para quem não sabe, muita malta da Timeout tirou o curso aqui na Irmandade, e como calculam, em cada dois ou três alunos “impecáveis” que se especializam com mérito há sempre meia dúzia de malandros que vagueiam com cadernos emprestados e cábulas desonestas. Mas vamos ao que interessa, e tentarei ser crítico qb.

O destino levou-nos até Ermesinde, terra conhecida pela igreja central, pela estação ferroviária e claro, pelas gajas. O primeiro desacerto (de muitos nessa noite) foi confiar que encontraríamos facilmente o Café Torres nas imediações da estação. Erro fatal, já que a estação de Ermesinde é um potencial polo logístico do Sul da Europa, com quatro lados diferentes e atravessada por linhas ferroviárias. Chegamos ao destino com a ajuda preciosa do GPS, sendo que à chegada o cenário até prometia: nos tempos de crise que correm, uma casa a 3/4 num restaurante com duas salas jeitosas, é um bom indicador da qualidade do pasto.
E se a primeira impressão em qualquer restaurante é invariavelmente a sua afluência, a segunda não é menos importante: a televisão, ou como dizem os americanos, o tv set. Na sala onde jantamos, pontificava orgulhoso de si mesmo um LCD gigante de fazer corar alguns cinemas, o que até pode explicar algumas coisas. Por exemplo, outro ecrã daqueles na cozinha e um chef heterossexual mais distraído, e estão criadas todas as condições para que a Camila Pitanga se afigure como a principal responsável pela troca inadvertida dos condimentos dos rojões com os das francesinhas.
Falemos então da dita... para quem acreditar no desamor à primeira vista, feche os olhos para não se deixar influenciar. Mas tape igualmente o nariz, porque dizem que a perda de um sentido é compensada pelo apurar dos restantes, e estas francesinhas emanavam um despropositado aroma a cominhos, que infelizmente se viria a confirmar nas garfadas que se seguiram. Escusado dizer que a refeição decorreu com a secreta esperança que o repasto melhorasse com o despertar de alguma pupila gustativa inebriada... mas em vão. Prefiro não me alongar em críticas, até porque o molho, enquanto componente essencial, assassinou as hipóteses dos restantes elementos, mas a verdade é que não houve nada que deixasse saudades (a carne de porco e um pão demasiado soft, são apenas dois exemplos).
Obviamente que (e nunca é demais repetir), toda esta opinião se reveste de uma subjectividade imensa, baseada numa única visita sob o comando do nosso paladar, e aqui adornada com moderado e discutível humor. Os parâmetros que utilizamos não são universais nem pretendem sê-lo, e a prova viva disso é o sucesso que esta casa granjeia, com afluência diária que ultrapassa o razoável. Não posso esconder que esta francesinha não se enquadra no modelo teórico ideal (aquele molho laranja avermelhado, bastante picante, com um pão consistente e um recheio de carnes cumpridoras), mas não está aqui em causa a seriedade nem a competência dos responsáveis desta casa. Por isso deixo aqui uma sugestão, vá ao Café Torres e diga-nos de sua justiça… se calhar, estivemos lá num dia menos feliz... ou numa cena mais tórrida da Camila na novela das 22h.

Veredicto: 
Média

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Data Temporada Veredicto
11/11/2011 Temporada 1 Média