Manjar das Francesas

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Morada
R. da Estrada Nova 1030
Local
Póvoa de Varzim
Coordenadas
41.409776,-8.740375 (Ver mapa)

Manjar das Francesas@2012-05-05

Início de uma agradável noite de Sábado e a Irmandade desloca-se a mais uma viagem para Norte, a descobrir os sabores que a Póvoa de Varzim reserva para nós.
Temos sempre um sentimento especial, algo contraditório, quando nos deslocamos para fora do Porto comer Francesinha. Por um lado Francesinha que é Francesinha, é feita à nossa moda e ponto final. Por outro, vamos com a esperança de encontrar um sabor diferente, um trunfo na manga que nos faça alargar o nosso leque de recomendações.
Chegamos ao recomendado Manjar das Francesas já a queimar a hora de fecho, fomos aliás os últimos a ser atendidos. Poucos minutos depois, já o alarme tinha rebentado, chegou um jovem casal que após conversa com o funcionário, teve que voltar pelo caminho que acabara de percorrer. Uma decisão bastante questionável do funcionário, pelo menos no que respeita a 50% dos recusados (mas também não sabemos o conteúdo da conversa).
Na Póvoa a escolha é sempre uma incógnita. Há, claro, a “Poveira”, mas que não pode ser comparada às restantes Francesinhas que comemos, e depois cada lugar chama o nome que bem entende (sem insultar) às diversas interpretações do nosso prato de eleição. Olhando para as fotos presentes numa lista já bem gasta por milhares de pares de mãos que a precorreram, tomamos a decisão pela que nos pareceu mais aproximada e como tal mais comparável ao que temos vindo a degustar nestes meses de Irmandade. Bem ou mal tínhamos que optar e a escolha recaiu na “Americana”. O nome Francesinha Americana não nos agradou profundamente mas, quem sabe, talvez tivesse saído de uma sugestão do Anthony Bourdain no 24 Kitchen.
Entretanto, podíamos ir vendo simultaneamente os 3 grandes a jogar (ou algo que se tentava assemelhar a isso), não num qualquer campo hexagonal em lógica trivalente, mas sim em 2 televisores colocados estrategicamente em paredes adjacentes da mesma sala.
Se tivéssemos um ranking “Speedy González”, de certeza o Manjar passaria a correr para o topo. Como que estivessem já resignadas num corredor à espera do juízo final, de pronto chegaram as Francesinhas. Por um segundo apenas, tive uma experiência que não consigo explicar pois senti-me em Serralves numa exposição da Paula Rego. Quando pisquei os olhos vi que afinal era só a Francesinha que estava à minha frente que trazia um extra cromático no topo. Mecanicamente e ainda sem ter absorvido a experiência transcendente anterior, molho uma batata no líquido alaranjado que estava tão picante quanto quente. E ambos em grande quantidade. O molho trazia o sabor amariscado que alguns restaurantes gostam de incluir mas algo mais que não conseguia identificar. Nisto, o meu olhar é de novo resgatado para o topo da Francesinha onde pairam dois coloridos fios, um de mostarda e o outro de ketchup. “Elá! É capaz de ser disso!”.
A Francesinha estava de facto muito quente e só a espaços a conseguíamos provar, o que nos deu para apreciar o ambiente (vulgo, “ver a bola”). Não pudemos deixar de reparar que mal o senhor de cabelo empastado deu o apito final (na verdade foram dois, um curtinho e o outro mais longo) o televisor automaticamente foi sintonizado na telenovela. É que isto meus amigos, cá na Póvoa, a bola vê-se, mas festa, só a que queremos! Isto é personalidade e parece-me bem.
Como se já não tivéssemos tido surpresas equivalentes a uma caixa de ovos Kinder daquelas que se vendem nos grossistas, uma prova longitudinal revela que além de um bife fracote, fiambre e uma grande porção de queijo que habitavam o interior, o telhado incluía ainda um polvilhado de pickles aos cubinhos que se misturavam na mostarda e ketchup. O pão mole e as batatas passam discretamente pelo nosso controlo alfandegário, mas tal não aconteceria se fossem substituídos, por exemplo, por fatias de fogaça e rábano frito aos palitos. É uma ideia. Mais uma vez o Manjar das Francesinhas poderia beneficiar caso a Irmandade tivesse um ranking “Inovação” ou ranking “Misturem-para-aqui-tudo-o-que-se-lembrarem”, mas infelizmente não temos.
Sinceramente, não gostei. Acho que tudo misturado se torna uma bomba de dificil ingestão e ainda mais difícil digestão. Pode ter sido a versão mal escolhida e aconselho os leitores a experimentarem as outras Francesinhas da lista e transmitirem-nos as experiências. Mas se gostarem mesmo de misturas de molhos, vão pela Americana, não ficarão desiludidos. Pelo menos nesse aspecto.

Veredicto: 
Média

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Data Temporada Veredicto
05/05/2012 Temporada 1 Média