Regaleira

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Morada
R. do Bonjardim 87
Local
Porto
Coordenadas
41.147258,-8.609623 (Ver mapa)

Regaleira@2011-07-15

E assim chegou a vez do “local onde tudo começou”, a Regaleira. É de facto extraordinário podermos visitar o local onde Daniel Silva criou a “nossa menina” e imaginar que ali se fez história, mas avancemos para o relato do que nos levou ali, avaliar a “original”.
Foi numa sexta-feira de Julho, que mais parecia Primavera, que a Irmandade se deslocou ao nº87 da Rua do Bonjardim. O restaurante mantém uma decoração clássica e quando entramos fomos simpaticamente recebidos numa sala que estava pela metade e levados até uma mesa onde um amável e energético senhor nos recebeu com a frase certa “…ora para estes senhores não é preciso carta porque aposto que são 4 francesinhas!”. Estava correctíssimo e iniciava como há muito eu já não via um verdadeiro espectáculo de bem servir, trata-se do Sr António (“Toni para os amigos”, assim nos disse ele), um admirável, simpático e competente profissional.
Ajustamos o pedido e acrescentamos que gostaríamos que fossem à “Leixões” - que para quem não sabe significa extremamente picante e cuja origem da designação é simples, parece que eram assim “fortes” que a equipa do Leixões da década de 50 as gostava de pedir na Regaleira, local de encontro regular desses atletas. O Toni repostou “mas é que é já a seguir!”
Num local de invenções lendárias, o Toni aproximou-se da mesa e exclamou “…mas é que eu hoje estou mesmo cheio de ideias! E se eu assar um chouriço em bagaço há aqui alguém para o comer?”. A resposta foi unânime e juntando isto à nossa conversa, o tempo de espera pela Francesinha tornou-se extremamente curto.
Até que chegou o grande momento, ali vinham elas a fumegar, com o aspecto correcto e com uma particularidade, sementes de pimento visíveis no molho, era chegada altura de mais uma expressão do Toni que traduz bem o molho que tínhamos à nossa frente: “...senhoras para o fundo da sala que neste canto só há homens!”.
E assim foi perante o olhar curioso de turistas espanhóis da mesa ao lado que iniciamos a degustação da "nossa” iguaria, composta de pão de forma correcto e bem cortado, carne assada de boa qualidade, salsicha fresca e fiambre arrumados ordenadamente e cobertos por um queijo derretido no ponto certo. O molho completava o prato que diga-se meus amigos estava…”Di-vi-nal!!!!”. O sabor do conjunto mantém-se ao longo da experiência e no final a sensação de satisfação foi unânime e visível no sorriso dos presentes, a Regaleira continua a saber bem-fazer e aguenta o peso da responsabilidade de ser o local da “Criação”.
O Toni nunca deixou que a cerveja bem tirada e fresquinha faltasse na mesa e até me consegui esquecer (ou pelo menos fingir) que não era originária de ali de Leça do Balio. As batatas às rodelas estavam formidáveis para acompanhar o molho.
Recentemente li alguma críticas relativas à Regaleira que se focavam no facto de a Francesinha por estes lados já não ser o que era, pois das duas uma ou existe outra Regaleira ou esses “críticos conhecedores” deverão concentrar-se na avaliação de “Vichyssoise” e “Cassoulet” e deixarem as Francesinhas para quem a entende.
Deixemo-nos de palavreado e vamos lá resumir esta crónica como deve ser: meus caros ali se come a Francesinha clássica num dos seus expoentes máximos, trata-se de um local histórico que serve uma magnífica Francesinha. Não visitar esta casa de tempos a tempos é inaceitável para o fã deste pitéu e “maí nada”.
Uma última nota para o Toni, um restaurante vive de muita coisa mas também do atendimento, nos difíceis dias que vivemos encontrar um profissional com tanta alegria, energia e simpatia não é fácil. A sua “actuação” nesta noite foi perfeita e quando durante o café, já sem a farda, o Toni se aproximou da nossa mesa para agradecer e despedir (justificando a saída prematura com o comboio que teria para apanhar) estendi-lhe a mão e retribuí o agradecimento mas esqueci-me de dizer algo que aproveito para escrever aqui: Um grande bem haja Mestre Toni!
E entre adeus e obrigados deixamos a Regaleira, até que já cá fora um de nós deixou escapar um pensamento que ia na cabeça de todos “Não tardará muito até cá voltarmos…”

Veredicto: 
Excepcional

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Data Temporada Veredicto
15/07/2011 Temporada 1 Excepcional